Archipo Góes
A queda do avião PT-BUK perdido numa tarde de domingo deixa a população da cidade de Coari apavorada.
O fato que começaremos a relatar aconteceu no dia 25 de novembro de 1962. Era domingo às 16h e havia uma partida de futebol sendo disputada no pequeno campo de futebol em frente da cidade (hoje seria o mercado municipal Clemente Vieira).
Um pequeno avião com prefixo PT-BUK, começou a fazer voos rasantes pela cidade, chamando atenção de grande parte da população, pois era bem diferente dos aviões Catalinas da Panair que, por anos, costumavam fazer pouso no lago de Coari aquatizando até parar na frente do sobradinho dos Dantas.
Era no período da estiagem e a praia da frente da cidade estava totalmente exposta. A tripulação do avião jogou dezenas de papéis com mensagens na praia e no campo de futebol. Algumas pessoas pegaram os papéis para ler, e nos bilhetes a tripulação solicitava desesperadamente que pelo amor de Deus, saíssem do campo, pois estavam com problema na aeronave e precisavam pousar. As pessoas que se encontravam no local foram conscientes e saíram da área central do campo, aguardando o que poderia acontecer.
O avião fez várias voltas para acabar o querosene do tanque. E depois de um tempo ele começou a descida para o pouso definido. O público ficou assistindo à cena em um silêncio temeroso. O avião desceu na ponta da praia da frente da cidade, bateu com as rodas pela primeira vez. E logo adiante, surge uma vaca andando vagarosamente na trajetória de pouso do avião, e assim, fazendo o avião levantar um pouco e desviar da mesma.
No final da praia, o piloto fez uma curva fora do comum e virou em sentido perpendicular, em direção ao campo de futebol, fez outra pequena subida com o avião para não bater na primeira trave do campo. Na sequência, a aeronave percorreu todo o campo freando os pneus, rasgando a grama de fundo a fundo, e foi nesse momento que um tripulante se jogou no meio do campo, enquanto o avião seguia até a segunda trave.
Na sequência, a aeronave deu uma pequena guinada para a direita para desviar da segunda trave. Porém, com isso, bateu em 02 vigas de madeiras gigantes, que o Pe. Marcos e o Chico Doido estavam guardando para ajudar a compor a ponte que atravessaria o igarapé do Espírito Santo (ligaria o Centro ao bairro de Chagas Aguiar). Com isso, o avião PT-BUK acelerou para frente, atingindo a casa (de alvenaria) do Sr. Miguel Simão, na parte de trás e na cerca do quintal, libertando algumas galinhas que foram em direção à região da Matinha.
Quando o avião bateu na casa e finalmente parou, subitamente começou a lançar muita fumaça. O tripulante, que havia pulado no meio do campo, gritava apavoradamente: — pelo amor de Deus, onde estamos? Estamos no Brasil?
A aeronave continuava fumaçando e foi quando a população começou a se aproximar. Alguém começou a gritar: — Vai explodir! — e todos começaram a correr se afastando da região do acidente.
E foi nesse momento que surge alguém com grande atitude heroica, o saudoso Pe. Marcos, que enrola a sua batina, adentra na aeronave e sai com três tripulantes e com o piloto desmaiado. Com o fato, a população vibra e aplaude a cena teatral. A partir daquele momento, foi só festa. O avião PT-BUK passou a ser ponto turístico, local para as misses e os jovens tirarem fotos, até ser embarcado e levado por balsa para Manaus.
Dias mais tarde, a tripulação do avião PT-BUK foi entrevistada pela “A Voz Coariense”, um serviço de alto-falante da cidade. Na oportunidade explicaram que, por problemas na bússola, perderam a rota. Como estavam com pouco combustível, já haviam decidido pousar na selva, mas quando avistaram longe, no meio do grande verde, uma área avermelhada, foram naquela direção. Eles haviam avistado as nossas Barreiras. Foram averiguar e chegaram a Coari. A tripulação agradeceu ao Pe. Marcos e ao povo de Coari.
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3 comentários em “O Acidente do Avião PT-BUK em Coari – 1962”
Eu gostaria de saber como foi o acidente com outro avião, pertencente a Prelazia, que aconteceu em 1971 e matou o piloto Edno.
Obrigado.
Boa Tarde.
Em breve vai ser publicado sobre este acidente também;
Quantas história a memória da cidade guarda.
Sempre é válido apresentar esses momentos que ficam nos bastidores da tragetória da cidade de Coari de outras épocas.