Archipo Góes
A cultura coariense é uma mistura de influências indígenas, europeias e africanas. O boi-bumbá é uma das principais manifestações folclóricas da cidade, e o primeiro festival folclórico coariense foi realizado em 1972.
A cidade de Coari, localizada no centro do Amazonas, a margem do lago de Coari, teve a primeira expressão de sua cultura em 1542, com a viagem de Francisco Orellana, que possivelmente foi a primeira viagem documentada de um europeu pelo Rio Amazonas. Seu cronista, o Frei Gaspar de Carvajal dissertou que os indígenas da tribo dos Jurimáguas, próximo a Coari, fabricavam uma cerâmica de alta qualidade que ele destacou como a “melhor que se viu no mundo, porque a de Málaga não se iguala, por ser toda vidrada e esmaltada de todas as cores”.
A cultura coariense resulta da conjunção de muitas influências das contribuições dos indígenas. Podemos observar que, os indígenas que habitavam a região do município de Coari, os Jurimáguas, Jumas, Walpés, Muras, Catauixis, Irijus deixaram influências até hoje, na culinária (alimentação), nos utensílios domésticos, no artesanato, nas vestimentas, na toponímia (nome dos lugares), na onomástica (nomes próprios), na língua, nos costumes, no tratamento de saúde utilizando as ervas medicinais, e finalmente, no modo de viver do coariense.
A primeira expressão da literatura coariense
No ano de 1895, aconteceu a primeira expressão da Literatura Coariense, a criação do jornal “O Coaryense” com notícias, contos e crônicas semanais sobre o modo de viver em Coari no final daquele século. O proprietário e redator daquele periódico foi o senhor João Joaquim Mendes da Rocha, que também era dono de uma farmácia. Era feito em uma prensa rudimentar com tipos romanos e era confeccionado com auxílio de um único funcionário. Esse periódico era sempre impresso e distribuído nas quintas-feiras com matérias com um texto bem casual e provincial.
A Banda Municipal
O Malho nº 349 de 22 de maio 1909, estampou na página 12, como amostra do progresso no município de Coary no estado do Amazonas, um quadrozinho da Filarmônica Municipal Coariense.
Fotografia tirada a 15 de janeiro último, depois da alvorada pelas festas daquele dia em comemoração da posse do governo municipal e inauguração da banda, que teve o seu início em junho do ano próximo findo, sob a regência do hábil professor Hermógenes Saraiva da Silva.
A partir de 1927, com a chegada em nossa cidade do Capitão Alexandre Montoril, que foi prefeito três vezes, incluindo o período na intervenção da era Vargas (1939-1947), passamos a conhecer a Literatura de Cordel, uma vez que, Montoril que, além de ser odontólogo, era poeta e repentista cearense, primo de Patativa do Assaré. Nas tardes de sábado costumava declamar seus versos em sextilhas de cima do coreto Municipal, onde seus correligionários ovacionavam sua apresentação.
O boi bumbá em Coari: uma história encantadora
O boi bumbá é uma das manifestações folclóricas mais importantes do Amazonas, e sua história em Coari é fascinante. Em 2004, o professor Eros Alfaia conduziu um estudo para esclarecer as origens do boi bumbá na cidade, entrevistando três moradores nativos de Coari com mais de 70 anos.
O propósito desse estudo era esclarecer as origens das manifestações folclóricas em Coari durante a primeira metade do século XX. Esse estudo deu origem ao livro: “Boi-Bumbá Coari-Campo: origem, memória e cultura do boi-bumbá no município de Coari-AM de 1927 a 2000”
Os entrevistados para o estudo incluíram Elias Ferreira Neto, também conhecido como Zizi, um fotógrafo renomado na cidade, juntamente com Fausto Gonçalves Monteiro e Raimundo Martins de Souza.
O primeiro boi-bumbá em Coari
Eros Alfaia comenta:
“A história do boi Bumbá de Coari possui um enredo incrivelmente arrebatador e cativante. Contudo, é necessário resgatar a história do outro Bumbá coariense, negligenciado ao longo das décadas que se seguiram! Estamos falando do Bumbá do cearense França, mencionado na obra de Francisco de Vasconcelos (página 167 do livro Coari, um retorno às origens), nas memórias do autor sobre as décadas de 1930 e 1940 em Coari, além de estar presente nas lembranças dos coarienses nascidos nos anos de 1920 e 1930!”
Luiz de França, natural do Ceará, residia em um sítio localizado onde hoje se encontra o Hospital Regional de Coari. Era casado com uma senhora chamada Mariana e era um relevante membro da comunidade. Conforme registrado no relatório de 1911 publicado pelo Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, França já era residente da vila de Coari naquele tempo. Além disso, ele se destacava na arte da funilaria, produzindo itens como lamparinas, porongas, funis, chocalhos, entre outros.
Eros Alfaia explica:
“O Boi Bumbá, conhecido como Caprichoso, pode parecer um eco distante na memória contemporânea. No entanto, resgatar essa preciosidade folclórica é fundamental. Parece que essas lembranças se perderam ao longo do tempo”.
O Grande desafio de versos:
O Sr. Raimundo Martins compartilhou com o professor Eros Alfaia que Luiz de França foi o pioneiro a apresentar e introduzir a dança do boi-bumbá nas ruas de Coari. No ano de 1933, Raimundo Martins participava de uma ciranda em Coari. Naquele mesmo ano, ocorreu uma competição de desafio entre o toadeiro do boi-bumbá Caprichoso, pertencente a comunidade do Trocaris, e o toadeiro da ciranda na qual ele dançava. Os dois participantes eram excelentes repentistas e protagonizaram um confronto de versos e rimas.
O desafio aconteceu em frente da casa do prefeito Alexandre Montoril, na rua XV de novembro, a conhecida rua da frente. O desafio era feito por meio de disputa de rimas. E no final, segundo a avaliação de Montoril, houve um empate no desafio, pois, ambos tinham grandes habilidades em versar. De acordo com Raimundo Martins, em 1933, Luiz de França, já em idade avançada, conseguiu despertar em toda a cidade o desejo dos jovens de participarem das festividades juninas. Além disso, ele destacou três participantes notáveis do Boi Caprichoso de França: o senhor Benedito Nogueira, também conhecido como Ioiô; Elias Ferreira Neto, apelidado de Zizi, juntamente com seu irmão e primos; e finalmente, Pedrinho Fialho, do carrossel, que desempenhava o papel de padre no Boi Caprichoso.
A evolução do boi bumbá em Coari
O senhor Fausto Monteiro, um dos entrevistados, nasceu em 1931. Durante a década de 1940, ele teve a oportunidade de presenciar o boi bumbá de Luiz de França, o folguedo nomeado de “Caprichoso”.
O professor Eros Alfaia desenvolve uma síntese de como seria a Coari do início do século com as manifestações folclóricas coariense:
“O bumbá percorria as antigas ruas e vielas despavimentadas, trazendo vida às noites iluminadas pelas velhas lamparinas e lampiões a querosene, além das chamas tradicionais das fogueiras de São João. Esses cenários contrastam fortemente com o que hoje é a moderna cidade de Coari.
Os locais que são atualmente bairros urbanizados e oficializados, eram meros sítios rurais no passado. O aspecto mais intrigante dessa história é que o antigo bumbá de Coari, foi nomeado “Caprichoso”. A existência de um bumbá em Coari na década de 1930 é tanto instigante quanto intrigante. Surge a questão de como José Luiz de França teria concebido a ideia brilhante de dar a seu boi de pano coariense o nome de um dos bumbás de Parintins daquela época.”
O autor nos informa que após o falecimento do Sr. Luiz França, o Sr. Ioiô deu continuidade à organização do folguedo em Coari. Nos anos que se seguiram, ele criou o boi Mina de Ouro, seguido pelo Dois Ouro e o Corre Campo. Finalmente, na década de 50, organizou o boi bumbá Prata Fina.
Nessa perspectiva, o boi bumbá é um patrimônio cultural de Coari que merece ser preservado. Ele é uma manifestação da cultura popular amazônica que reflete a história e a identidade de sua população.
O boi bumbá Prata-Fina
Na Década de 50, podemos observar o surgimento do primeiro folguedo junino coariense, o Boi-Bumbá Prata Fina. Foi criado em 12 de junho de 1953, sob a coordenação do Senhor Benedito de Lima Nogueira, conhecido como Seo Ioiô, residente na rua 05 de setembro, conhecida pelos mais antigos como Rua Nova. Durante 28 anos contínuos, ele levou seu boi-bumbá pelas ruas da cidade, alegrando e divertindo a todos. Costumava se apresentar nos terreiros em frente das casas onde era convidado.
Seo Ioiô confeccionava seu boi-bumbá, do começo ao final. Com a ajuda de suas filhas na composição dos detalhes e na parte da costura, porém, todo o acabamento era realizado cuidadosamente por ele. Era mantido a tradição nordestina em que a cabeça tinha como estrutura base a carcaça de um boi morto. A confecção do boi-bumbá, os ensaios em sua casa, e a apresentação na frente das casas dos moradores mais ilustres eram comandadas por seu Ioiô.
Os personagens emblemáticos dos folguedos do Boi-Bumbá Prata Fina foram o senhor Guariba que representava o chefe da tribo indígena e o senhor Jonas, filho do Seo Ioiô, que dançava como tripa do boi[1].
Edinilson Cavalcante comenta:
“As crianças vibravam com a festa, entretanto, tinham muito medo, pois os personagens Catirina e Cazumbá, devidamente mascarados, corriam atrás da garotada para cheirarem o traseiro do boi. Qual a criança que não ficava apavorada pela possibilidade de ser levada pelos mascarados para cheirar parte tão íntima do boi?”
Raí Letícia:
“Também lembro muito bem quando o Boi do Sr. Ioiô vinha dançar em frente à casa do Sr. Dimas, embaixo da árvore de flamboyant que até hoje existe. Nunca esqueço deste tempo. Aliás, de toda a minha infância que foi muito bem vivida. E uma das coisas inesquecíveis era esta época de festa junina que tinha o Boi do Sr. Ioiô. Lembro muito bem que o vovô juntamente com o Sr. Dimas, tio Jacó e outros chamavam o Prata Fina pra brincar aqui em frente e tinham que colocar dinheiro na língua do Boi. E esta “língua”, lembro como se fosse hoje, era uma caixa de tubo de linha de costura que eles abriam e quem convocava o boi e tinha “cacife” colocava o pagamento dentro da língua.”
Um trecho de uma toada do boi-bumbá Prata Fina que todo coariense nascido nessa época não esquece:
♫Lá vai, lá vai, lá vai boi pra quem quer ver♫
♫Lá vai o Prata Fina fazendo a terra tremer♫
[1] Brincante que veste o boi de pano e faz a evolução do boi-bumbá; pessoa que brinca em baixo do boi, responsável pelos movimentos durante a apresentação.
O Primeiro Festival Folclórico Coariense
O ano era 1972, foi quando Coari vivia grande transformações na sua estrutura financeira e político administrativa. A cultura renascia pujantemente nas terras dos Jurimáguas, através dos representantes de sala do Colégio Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que organizaram o primeiro festival folclórico coariense.
A partir daquele ano, as atividades culturais deixaram o confinamento das salas de aula e ocuparam a Praça de Santana e São Sebastião. Este novo cenário permitiu que toda a sociedade de Coari pudesse presenciar as manifestações folclóricas apresentadas pelas escolas da unidade educacional da cidade. O Primeiro Festival Folclórico de Coari foi realizado visando destacar à população a importância dessas expressões culturais de raízes antigas. Essas tradições têm ocorrido ao longo de muitos anos, principalmente durante a renomada festa de São João.
O festival contou com o respaldo da Prefeitura de Coari, sob a liderança do jovem prefeito Mussa Abrahim Neto, que ordenou a construção de um tablado de 18 x 20 metros para as performances de danças folclóricas na esplanada em frente à Catedral. As apresentações ocorreram em datas distintas: as iniciais nos dias 29 e 30 de junho, culminando com a grande final no dia 10 de julho.
O prefeito Mussa Abrahim Neto também doou um troféu para a melhor apresentação de dança folclórica. Alexandre Jorge Morais, presidente da Câmara de Coari, concedeu o troféu para a segunda melhor dança, enquanto a Coordenação da Unidade Educacional premiou a terceira melhor com um troféu.
Os nove grupos brincantes foram:
Quadrilhas:
1. Quadrilha “O Lampião”, do Grupo Escolar Francisco Lopes Braga;
2. Quadrilha “Brotinhos na Roça”, do colégio N. S. Perpétuo Socorro;
3. Quadrilha “Junina”, do G. E. Inês de Nazaré Vieira;
4. Quadrilha “Os Netinhos da Vovó”, do Ginásio N. S. do P. Socorro;
5. Quadrilha “Bereana”, do Ginásio Bereano;
6. Quadrilha “Coronel Maionés”, do Grupo Jovem de Coari;
Boi Bumbás:
7. “Estrelinha”, do Grupo Infantil da rua XV de Novembro;
8. “Prata Fina”, de tradicional renome no município de Coari, dirigido pelo Benedito Nogueira, seo Yoyô.
Tribo:
9. “Índios Guaranis”, do Grupo Escolar Iraci Leitão.
Os brincantes, vestidos com suas indumentárias e adornados com seus trajes típicos, dançaram com grande entusiasmo perante o vasto público e a comissão de julgamento, composto pelas seguintes autoridades e convidados:
1. Raimundo de Freitas Dantas (Alvelos), prefeito em exercício;
2. Alexandre Moraes, presidente da câmara municipal;
3. Adelino Lima Viana, vereador de Coari;
4. Michiles, Gerente do BEA;
5. Aylz, Gerente do BASA;
6. Dr. Nunes, titular da ACAR em Coari;
7. Tenente Sales. Delegado de segurança pública e professor;
8. Lúcio Porto Lima, gerente da Celetramazon;
No primeiro Festival Folclórico de Coari, existiu um critério avaliativo no qual todos os grupos folclóricos, independentemente da categoria, competiam uns contra os outros. Este formato de competição se manteve até 1988, quando foi substituído pela seleção das melhores apresentações divididas por categorias, tais como danças internacionais, quadrilhas, boi-bumbá, lendas, entre outras.
No dia 10 de julho, foi anunciado a seguinte a classificação:
1º lugar: Quadrilha Bereana;
2º lugar: Quadrilha do Coronel Maionés;
3º lugar: Brotinhos na Roça;
4º lugar: índios Guaranis.
O esforço dos jovens representantes de classe foi fundamental para o sucesso do festival. Eles foram orientados por um grupo de professores, entre eles, o tenente Sales, professor e delegado de polícia; Prof. Raimundo Oliveira Lúcio Porto Lima; Prof. Ivan Souto Conde; as professoras Ir. Ivanete Azevedo e Cosma Marques de Abreu foram também dedicadíssimas e se empenharam muito para realização do histórico 1º Festival Folclórico de Coari.
A diretora da unidade educacional e do Colégio N. S. do P. Socorro, Ir. Maria Clemens Oliveira, expressou entusiasmo com o espírito de liderança do grupo jovem da Unidade. Ela anunciou que o movimento cultural, dedicado a São João, será mantido nos próximos anos. E assim, nasceu o festival folclórico coariense que se mantém até hoje.
Archipo Góes
03 de janeiro de 2024
Amplie sua leitura sobre o Festival Folclórico de Coari em: Minhas memórias do festival folclórico coariense (1976–1993)
Referência:
Blog: A Missão – do professor Eros Alfaia
Leia mais em:
A História do Miss Coari (1940 – 1979)
Minhas Memórias da Festa da Banana – 1989 a 1991
Fátima Acris voltando do Miss Brasil 1968
2 comentários em “As Origens da Cultura e do Festival Folclórico Coariense”
É sempre encantador encontrar palavras que nos tragam de volta a memória e a história de nossas raízes e folclore. A tragetoria do boi Bumbá de Coari tem um enredo incrivelmente arrebatador. Aliás, toda a tragetoria da manifestação do boi Bumbá amazônico é assim. Mário Ypiranga escreveu em seu “Boi Bumbá”, História, Análise Fundamental e juízo Crítico sobre o auto do Bumbá Prata Fina, do seu Ioiô de Coari. Em Humaitá, também na década de 1950, há o registro de um antigo Bumbá de mesmo nome. Mas, é preciso resgatar a tragetoria do outro Bumbá coariense, esquecido através das décadas pelas épocas que se passaram! O Bumbá do cearense França, que é citado na obra de Francisco de Vasconcelos, nas memórias do autor das décadas de 1930 e 1940 em Coari, assim como presente na memória dos coariense nascidos nos anos de 1920 e 1930! José Luiz de França vivia num sítio, em Coari, onde hoje está o hospital geral da cidade (no bairro de Tauá mirim), seu também brincou e alegrou a petizada das épocas do ínicio do século xx na Villa de Coary. O boi se chamava Caprichoso, mas é um fato bem distante da memória atual. Entretanto, o resgate dessa passagem folclórica se faz jus lembrar. O nome do boi do cearense França pode ter vindo de Parintins junto do prefeito morto na Villa, em 1927. Herbert foi prefeito de Parintins em 1926, inclusive, foi o que instalou a luz elétrica na velha Tupinambarana. Os planos de Herbert, junto com seu pai, Raul de Azevedo, era instalar luz elétrica na Villa de Coary, mas o destino tinha outros planos ao jovem prefeito Herbert Lessa de Azevedo, assassinado no dia 23 de junho de 1927. No dia de são João daquele ano, Herbert foi sepultado no cemitério de Santa Terezinha, com todas as horas daquela época! Aliás, as horas que lhe prestaram por todo o Estado foram até então, exageradamente, atos de comoção pública e política! Assim como em Coari, até hoje, seu nome ainda está estampado em logradouros públicos em alguns municípios do baixo Amazonas, como Parintins e Urucurituba! A presença de um Bumbá com o nome de um dos bois de Parintins, na Villa de Coary, nas décadas iniciais do século XX, nos trás a atualidade, e nos soa a história, como se Herbert tivesse algo a ver com a nomeclatura que o cearense França atribuiu ao seu boi junino! Em 1927 Coary se recompunha do luto político-social, em memória dos passageiros, mortos, afogados e queimados, pela explosão do navio Vapor Paes de Carvalho. Esse fato ocorreu nas proximidades da Ilha da Botija, na madrugada de 22 de março de 1926. Após explodir ali, desceu pelo Solimões e naufragou em frente a comunidade do Camará. Havia muita gente a bordo, mais de 200 pessoas. Entre os mesmos, coariense anônimos e o político Leôncio Salignag que se safou da tragédia a nado! O Vapor nunca chegou na Villa, e esse episódio se tornou um conto memorial ao povo que habitou o Camará por várias décadas. Afinal, foram eles que acordaram na fria madrugada daquele mês de março e testemunharam uma tragédia de grandes proporções, e ainda acudiram aos que lutavam pela sobrevivência nas geladas águas do Solimões naquele instante da história! A chegada de Herbert Lessa de Azevedo, a Villa, trouxe vitalidade e esperança aquela gente que viveu aquele luto do terrível naufrágio. Mas, o destino novamente levaria os coariense da Villa a um novo luto! O qual começou com o triste enterro do prefeito de 25 anos, no dia de São João.
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