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Excelsa Castanheira – 06

Castanheira

Autor: Antônio Cantanhede

Nesse texto de Antônio Cantanhede incluído na seção Coari de seu livro “O Amazonas por Dentro”, podemos observar que a castanheira amazônica se destaca ao manter suas flores o ano todo enquanto outras árvores se desfolham sazonalmente. No período de agosto a setembro, ela revela ouriços de castanhas, atraindo aves e macacos. Essa árvore é símbolo econômico na Amazônia, sendo reverenciada tanto por sua beleza quanto pelo valor de suas castanhas. Coari, no princípio do século XX foi um dos maiores produtores de castanha do Amazonas.

A árvore do pau-d’arco, a do taperebá e a do tarumã, desfolham-se, anualmente, para mostrarem as suas flores, amarelas, como ouro novo, brancas, como pequeninos botões de grinaldas de noiva e lilases, como a mimosa e modesta violeta, anunciadoras da próxima frutificação; entretanto, a árvore da castanha, soberba e altaneira, sempre coberta de miríades de flores, desnuda-se, de agosto para setembro, a exibir, aos olhos do glebário, a carga vindoura, de seu precioso fruto.

Toda existência florida, essa árvore bendita!

E’ interessante de ver-se, nessa fase de sua vegetação, a castanheiro, sobranceira à floresta onde medrou, desfolhada, a ostentar flores e frutos, dando ideia de uma almofada muito grande, crivada de alfinetes gigantescos, que são suas flores róseas-amareladas, a enfeitá-la.

Os minúsculos ouriços, que se voltam em todas as direções, são, então, avidamente procurados, por bandos enormes de aves trepadoras e de símios: as araras de várias cores, os papagaios auriverdes, e os piriquitinhos mimosos, em ânsia destruidora; os macaquinhos de cheiro, os coatás e os barrigudos cinzentos, e os famigerados guaribas; todos em algazarra infernal, dedicam ou roem os ouricinhos tenros, os quais, feridos, ficam a escorrer a seiva alentadora e caem ao solo, para gáudio das cotias, das pacas e dos veados, que aí vêm gozar das sobras dos alados e dos quadrúmanos.

Durante esses dois meses, os donos, os exploradores, os comerciantes e os atravessadores vão à mata, para sondar o castanhal e calcular a próxima colheita. E os prognósticos raramente falham: tantas árvores, com tal carga, igual a duzentos, trezentos ou mais hectolitros… cinco, dez ou quinze contos de réis!…

Render culto especial à castanheira é dever de todo bom amazonense.

A castanheira não é somente a árvore da flor. A castanheira é, também, a árvore do dinheiro!

Leia mais em:

A Cólera em Coari – 1991

Minhas Memórias da Festa da Banana – 1989 a 1991

A Cólera em Coari – 1991

Entrevista com Mara Alfrânia, Miss Coari 1990

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3 comentários em “Excelsa Castanheira – 06”

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Dança
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Corpos em Movimento: Workshop Gratuito de Dança em Coari

O projeto “Corpos”, contemplado pelo edital Paulo Gustavo, oferece aulas gratuitas de Dança Contemporânea e Improvisação para jovens e adultos a partir de 11 anos. As oficinas exploram a expressividade corporal, a improvisação e o aprimoramento de técnicas básicas, com direito a certificado ao final do curso e uma demonstração artística para a comunidade.

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Archipo Góes

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A crônica Correcampenses x Garantianos, narra a rivalidade entre os bois-bumbás Corre-Campo e Garantido em Coari, marcada por brigas e um episódio de violência em 1989. A retomada do festival em 1993 e a vitória do Corre-Campo geraram reações distintas. A crônica reflete sobre a polarização social, a cultura popular como identidade local e a importância da tolerância para a harmonia.

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Um dia de Santana em Coari em uma Igreja Ministerial

O texto narra a vivência da festa da padroeira de Coari, retratando a devoção à Santana, a padroeira da cidade, e a importância da fé para o povo local. A narrativa destaca a movimentação do porto, a participação dos trabalhadores da castanha, a procissão, a missa e o arraial, revelando a religiosidade popular e a cultura local. A história do patrão e dos trabalhadores da castanha ilustra a exploração do trabalho na região, enquanto a presença do bispo e dos padres reforça o papel da Igreja Católica na comunidade. O texto termina com a reflexão sobre a fé, a esperança e a importância da preservação da tradição.

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O texto narra as memórias da autora sobre sua infância na década de 80, marcada pela paixão por filmes de dança e pela amizade com Sirlene Bezerra Guimarães e Ráifran Silene Souza. Juntas, as três formavam o Trio Guadalupe, um grupo informal que se apresentava em eventos escolares e da comunidade, coreografando e dançando com entusiasmo. O relato destaca a criatividade e a alegria das meninas, que improvisavam figurinos e coreografias, e a importância da amizade que as uniu. Apesar do fim do trio, as memórias das apresentações e da cumplicidade entre as amigas permanecem como um símbolo daquela época especial.

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Os maçaricos do igarapé do Espírito Santo têm nomes

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O texto “O boi de França e o boi de Ioiô” é um importante documento histórico que contribui para a compreensão da cultura popular e da tradição do boi-bumbá no Amazonas. Através de uma narrativa rica em detalhes, o autor nos leva de volta ao ano de 1927 e nos apresenta aos personagens e eventos que marcaram a introdução dessa importante manifestação cultural em Coari.

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O texto “Um Corpo Santo e as serpentes na brisa leve e na água agitada” é um belo exemplo de como a literatura pode ser usada para retratar a realidade social e ambiental da Amazônia. Através de uma linguagem rica e poética, o autor nos convida a refletir sobre a vida dos ribeirinhos, a beleza da natureza e a importância da preservação ambiental e social.

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