Archipo Góes
Poema descrevendo o final de uma viagem de lancha ajato, chegando na cidade de Quari.
Chegando em minha Quari, reconheço
Em cada vão detalhe, minha história.
Na paisagem vejo um pouco de mim
Transformando-se na minha memória.
Todo reflexo no espelho d’água
Resplandece seu passado de glória.
Na janela esquerda vejo chegar
Itapéua – nossa “pedra achatada”.
Se você não conhece seus caminhos
Na margem, a viagem é findada.
Em seu canal há grande profundeza
Tem armadilha por toda beirada.
Agora que estamos chegando perto
Vem uma sensação de ansiedade.
É sempre muito grande a expectativa
De logo chegar em minha cidade.
Agora vejo as barreiras vermelhas
Lá, Muras feriam sem piedade.
Também temos um encontro das águas.
No rio Solimões é bem barrenta,
Mas é água rica, cheia de peixes.
E assim, seus muitos filhos, alimenta.
No lago, é negra como nanquim,
Nesse reencontro, a beleza aumenta.
O sorriso aparece no meu rosto,
Assim que dobramos pela matinha.
Tenho uma linda vista de Quari
Com os seus flutuantes na prainha.
E ao longe, em cima do grande morro
Reparo a nossa imponente igrejinha.
Chegando feliz no porto de ferro,
Assisto um boto Tucuxi nadando,
Veio da ponta do Jurupari,
Rápido e faceiro, vem me saudando.
A linda Matriz que surgia longe,
Está risonha nos abençoando.
Quari, 12 de outubro de 2017
Leia mais em:
Histórias esquecidas 01: Areal Souto
O homem que escreveu sobre o palhaço e a rosa – 2018
A História do Miss Coari (1940 – 1967)