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Folclore Coariense: uma visão de Coari – 1957

Folclore

O poema “Folclore Coariense” é um retrato positivo da cidade de Coari, no Amazonas. O autor celebra o progresso da cidade, suas riquezas naturais e a qualidade de seu povo.

O poema de Alexandre Montoril é um retrato da cidade de Coari, no Amazonas, no ano de 1957. O autor, que viveu na cidade por muitos anos, celebra seu progresso e suas riquezas naturais. O poema começa com o autor rememorando sua chegada a Coari e o impacto que a cidade teve sobre ele. Ele elogia a hospitalidade e a simpatia do povo coariense e a beleza natural da região. A seguir, o autor descreve a evolução de Coari nas últimas décadas. Ele observa que a cidade se desenvolveu rapidamente, com o crescimento da população, da economia e da infraestrutura. Ele também destaca a importância da educação e do serviço social na cidade.

No final do poema, o autor exalta as qualidades do povo coariense. Ele os descreve como trabalhadores, hospitaleiros, religiosos e fortes. Ele conclui que Coari é uma cidade promissora com um futuro brilhante.

Folclore

Relembrando Coari
Desde quando lá cheguei
Descortino minha vida
Pelo que realizei
Nessa longa permanência,
Quando a minha experiência,
Energia e paciência
E mais que isso, lhe dei

E a razão destes versos
Feitos sem poesia,
É mostrar à sua gente
Minha grande simpatia,
— Essa força de atração
Nascida no coração
Que excita a inspiração
No campo da fantasia

É uma força incoercível
Esse nobre sentimento,
Que nos liga a todo instante
Por meio do pensamento
A terra do Coração,
E cuja recordação
Assemelha uma canção
Entoada pelo vento.

Revolvendo essas lembranças
Nos engramas da memória,
Perfilemos Coari
Através de sua história,
Partimos primeiramente
Do período mais recente
Para deixá-lo patente
Em visão perfunctória

Corria o ano de trinta
Depois da Revolução,
Quando veio o Estado Novo
Com nova orientação,
Relegando ao ostracismo
Os políticos sem civismo,
E acabando o despotismo
Que oprimia a nação.

Invocando esse passado
Que tem sabor de quimera
Eu imagino Coari
Nesse tempo o que não era
— Esburacado, no escuro
Com as finanças em apuro
O pobre dava num duro
Vivendo numa tapera

Vinte e sete anos depois
De atividade constante,
Realçou-se Coari
A um plano mais importante,
Num meio menos hostil,
Onde seu povo viril
Trabalha pelo Brasil
Num exemplo edificante.

Coari é um município
Deste Amazonas gigante,
Que entre os seus vizinhos
Se apresenta mais brilhante;
Possui em suas caudais
E nas matas colossais
As riquezas naturais
De grandeza impressionante.

A cidade é mui simpática
Que até parece que atrai
O forasteiro que chega
E nas suas graças cai;
Na certa que vai ficando
Ao meio se adaptando
E o tempo vai passando,
E nunca mais ele sai…

De cinco ruas em trinta
A mais de vinte já conta
Setenta casas que havia
A quatrocentas já monta;
— Tem uma luz excelente
E de água que se ressente
Se esforça, ativamente
O Sesp, pra ficar pronto

Lá todos vivem contentes
Cada qual ganhando o pão
O rico ao lado do pobre
Sem nenhuma humilhação;
No trabalho ou no recreio,
Em casa ou em passeio,
Quem não conhecer o meio,
— Não sabe qual o patrão.

Por isso o Coariense
É serviçal sem preguiça,
Dotado de espírito humano
Sem jamais temer a liça;
Sendo um bom é compassivo,
Prudente e reflexivo,
Mas rebelde e vingativo
Se não lhe fazem Justiça.

Coari era uma princesa
Que existia abandonada
E hoje vive contente
No seu trono colocada,
Cercada de atenções
Reinando nos corações
Da gente do Solimões
Onde está sua morada.

É uma terra de progresso
Que causa admiração
Graças à capacidade
De sua população;
A sua indústria nascente,
Se bem que inda incipiente,
Coloca já sua gente
Na sua melhor acepção.

É, pois, nessa grande terra
Dotada da Natureza,
O berço dos castanhais
Que fazem sua grandeza;
— Mas seu povo afeito à luta
Dominou a terra inculta
Aclimando nela a juta
— Nova fonte de riqueza

Tudo que há no Amazonas
No que tange a agricultura,
Bem como a fauna e a flora
Tem em Coari com fartura;
Apenas a pecuária
Se acha em fase primária:
Precisa a agência bancária
Financiá-la a altura

Além de um grande comércio
Onde circula a riqueza,
Na educação do povo
Está a sua fortaleza;
Coari com esse apuro,
Caminha a passo seguro
Na estrada do futuro,
Para a frente, com certeza.

No serviço social
Onde Coari mais se alteia,
Envolvendo toda gente
Na mais dedicada teia
De assistência e proteção;
A gente encontra razão
De tributar gratidão
A quem tanto o bem semeia

No setor da instrução
De sua gente benquista,
Estão na vanguarda os padres
Da Missão Redentorista;
Que ao lado de Irmãs zelosas
Competentes e bondosas,
— Verdadeiras religiosas;
Asseguram essa conquista.

Prosseguindo a narrativa
É tempo de destacar
O valor das professoras
Do nosso grupo escolar;
E neste ponto de vista,
No passar desta revista,
Cito o Colégio Batista,
— Que é justo exaltar.

Merece iguais louvores
Numa justa referência,
As professoras rurais
Pela sua eficiência;
Semeando a instrução
Às Crianças do Sertão,
Necessária a formação
De uma alta consciência.

Embora na superfície
O povo é mesmo cristão,
Frequenta sempre a igreja
Do Santo Sebastião;
— O bondoso Padroeiro
Que nas festas de janeiro
Congregando o povo inteiro
Sai à rua em procissão.

Tem a sua Padroeira
Que venera com fervor
A mãe da virgem Maria
E de Cristo o esplendor,
Sant’Ana é o seu nome
Cujo prestígio e renome
O tempo jamais consome,
Mas aumenta o seu fulgor.

Um povo assim assistido,
Com alta mentalidade,
Fortalecido de espírito,
Suporta a adversidade
E até a própria morte;
Mostrando que é um forte
Que sabe escolher seu
Norte No seio da humanidade!…

São Paulo, 12 de setembro de 1957

Folclore

Análise do poema

O poema é escrito em versos livres e em terceira pessoa. O autor usa um tom otimista e celebrativo ao descrever Coari. Ele usa uma variedade de imagens e metáforas para criar uma imagem vívida da cidade.

Os versos livres são versos que não seguem um padrão métrico ou de rima. No poema “Folclore Coariense”, os versos variam em comprimento, com alguns versos tendo até 14 sílabas e outros tendo apenas 6. Os versos também não seguem um padrão de rima.

No entanto, é possível que o poema tenha sido escrito em versos livres com uma estrutura interna regular. Por exemplo, os versos poderiam ser divididos em grupos de dois ou três versos com um esquema de rima regular. Isso seria difícil de determinar sem mais informações sobre o poema, como o manuscrito original ou a intenção do autor.

O poema é dividido em duas partes principais. A primeira parte (estrofes 1-12) descreve a história e o progresso de Coari. A segunda parte (estrofes 13-16) celebra as qualidades do povo coariense.

O poema é um documento importante da história de Coari. Ele fornece uma visão da cidade em um momento de rápido crescimento e desenvolvimento. O poema também é um tributo ao povo coariense, que é descrito como um povo trabalhador, hospitaleiro e forte.

Folclore Coariense – Alexandre Montoril

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A História do Miss Coari (1940 – 1967)

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3 comentários em “Folclore Coariense: uma visão de Coari – 1957”

  1. O poema é bem rico em detalhes sintéticos sobre a Coari dos anos 50. Mas não é pra menos, o próprio autor foi prefeito por mais de 14 anos e na verdade celebra a identidade que ousou construir e forjar na face desse lugar. Bem postas as palavras, porém, achei que ele comporia o texto, ao lê-lo, com as manifestações folclóricas da época. O boi-bumbá Prata fina do saudoso ioiô, ou o boi do mais antigo que o seu ioiô, Luiz de França; assim também como o índio criado pelo seu Zequinha, ou a dança da Ciranda, que nos anos 30, época em que Montoril chega a Coari, já era dançada na rua 15 de novembro onde ele morou. Muito bom compartilhar esses textos.

  2. Pingback: A Feira – Cultura Coariense

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