Search
Close this search box.

Coari no Século XIX: um ensaio sobre a formação do povo coariense

Archipo Wilson Cavalcante Góes

Nesse ensaio vamos perceber como se deu a formação do povo coariense no primeiro instante de sua evolução histórica, cultural e administrativa.

Na primeira metade do século XIX, pouco se encontra fontes históricas que narrem fatos ou como era vida no Lugar Alvelos. Mesmo com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, após a chegada dos Bragança, a Família Real, que aconteceu no dia 22 de janeiro de 1808; a independência do Brasil – 07 de setembro 1822; e o início do Período regencial (1831), o pequeno lugarejo de Alvelos continuava sendo parte integrante da Corte do Solimões conhecida como Villa de Ega – atual Tefé.

Manuel Ayres de Casal em seu livro “Corografia Brasílica” lançado em 1817 fez uma descrição sobre o lugar de Alvelos:

— Alvelos é um pequeno distrito, situado sobre uma grande enseada num vistoso areal, distante 4 léguas (26.400Km) acima da boca do rio Coary, do qual já teve o mesmo nome em outros tempos. Seus habitantes, em sua maior parte descendem dos indígenas das tribos dos Uamanys, Solimões (Jurimáguas), Catauixis, Jumas, Irijús, Cuchivaras e Waupés. É feita a colheita através de extrativismo de cravo, cacau, copaíba e salsaparrilha; e fazem muita manteiga de ovos das tartarugas, que são numerosíssimas naquelas redondezas. As formigas fazem grande estrago nas lavouras.

— Os habitantes de Alvelos costumam bebem água do lago de Coari, cujas margens são de areia muito branca e vistosas, e as águas dependendo da época do ano são amareladas e de qualidade excelente. A igreja matriz que embeleza o lugar, é dedicada a Santana. A indústria consiste em olarias que fabricam tijolos, tecelagem com tecidos de algodão e esteiras.

Nesse pequeno relato sobre Alvelos podemos ter uma noção de como os coarienses vivam. Sua economia era essencialmente agrícola e extrativista, contudo, já foi observado as pequenas indústrias que são base da organização e evolução dos pequenos povoados.

Houve ainda a informação que a população de Alvelos é descendente em maior parte de 7 tribos indígenas. E a caracterizou o local com o destaque dado a igreja matriz dedicada a Santana, ou seja, Alvelos mantém o padrão da colonização com a ideologia religiosa tutelada pelos preceitos católicos do século XVII ao XIX.

Em 1819, na obra “Viagem pelo Brasil”, escrito pelos médicos alemães J. B. Von Spix e C. F. P. Von Martius, houve a narração com alguns detalhes sobre as terras de Coari:

— Alvelos, chamado Coari pelos índios, tinha sido uma das missões fundadas pelos carmelitas e abrigava primitivamente indígenas das tribos dos Solimões (Jurimáguas), Jumas, Juris, Pacés, Uaiupís, Irijús, Purus e Cautaunixís.

— Os atuais habitantes, na recíproca mistura e convívio com os brancos, renunciaram à sua língua e a outras particularidades da tribo. Achamos, nessa ocasião, apenas poucos moradores presentes, pois a maioria dos homens estava longe, nas caçadas ou no preparo da manteiga de tartaruga.

— De fato, já desde tempo minguava continuamente a população do lugarejo. A Varíola, e muito recentemente febres intermitentes malignas, causadas pelo transbordamento do lago, dizimavam de quando em quando a população, que, sem o socorro médico, ainda mais depressa sucumbe. Infelizmente, em toda a província do Rio Negro não há um médico diplomado. Entre os índios presentes, conhecemos dois, mostrados pelo padre, ambos de mais de 100 anos de idade, e, apesar disso, eram ainda de incrível robustez e vivacidade. Na tradicional impassibilidade e indolência dessa raça de homens baseia-se a propriedade de só tarde envelhecer e perder os dentes.

— Antes da chegada desses pesquisadores em Coari havia acontecido uma tragédia. Assim eles nos relataram: “Dois dias antes, um enorme jacaré, que vivia na vizinhança, e conhecido de todos desde muito tempo, havia virado a canoa de um indígena que regressava a Alvelos, e o devorara. Vindo ainda como a terrível fera e a sua geração brincavam com a cabeça do desgraçado, e toda a povoação estava tão aterrada diante do horrível espetáculo, que renunciamos ao projeto de percorrer de canoa as margens circundantes do lago”.

Um fato notório a partir do ano de 1919 é caracterização mais explícita do desenvolvimento da miscigenação e do aculturamento dos descendentes dos povos indígenas que formaram a população de Alvelos. Dessa forma, podemos observar que fundamentalmente a população coariense tem sua origem na miscigenação, uma vez que a maioria dos colonizadores portugueses e espanhóis que vieram ao Amazonas eram o homem branco, que mantinham relações com as mulheres indígenas. As mulheres brancas só vieram mais tarde, principalmente a partir da segunda metade do século XIX.

Houve aculturação em Alvelos pela fusão de elementos pertencentes a duas culturas incidente no momento.  Ela foi determinada por um processo dinâmico de mudança social e cultural que aconteceu com as tribos indígenas pelo o contato com o europeu, e isso, influenciou diversos elementos da cultura milenar, e assim, foi criado novas estruturas modificando o conhecimento, os valores, os costumes, os modos de fazer, as práticas, os hábitos, comportamentos e crenças das tribos que foram descidas[1] para Alvelos.

O ano de 1833 foi um período com vários conflito e tensões, isso devido a um levante conhecido como “Movimento Autonomista do Rio Negro”. Por esse motivo, o Império Brasileiro, que estava no período das Regência[2] promoveu um processo de diminuição desses conflitos através da divisão da província do Grão-Pará em três comarcas, e dessa forma Manaus lhe coube a comarca do Alto Amazonas. Dessa forma, tínhamos alguma independência administrativa e autonomia judiciaria.

Nesse mesmo ano de 1833, o lugar de Alvelos passou a categoria de Freguesia[3] e na denominação religiosa foi intitulada de Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Alvelos.

No período entre 1835 a 1840 – não há relatos se houve adesão à Cabanagem[4] em Alvelos. Contudo, Tefé estrategicamente que aderiu a cabanagem para não sofrer ataque e saque pelo Cabanos no Amazonas, mas ficou indiferente ao movimento popular. Alvelos como era distrito de Tefé, praticou a mesma estratégia política. Uma vez que, segundo Márcio Souza, a Cabanagem exterminou 40% da população do Grão-Pará.

No ano de 1847, tivemos nas terras coarienses a visita de Paul Marcoy, que era o pseudônimo de Laurent Saint-Cricq (1815-1888), foi um bom desenhista, crítico de arte e incansável observador da natureza e do ser humano. Em sua viagem vindo navegando do Peru passou por Coari descendo o rio Solimões. A sua primeira descrição foi sobre o igarapé do Pêra (Já na época era nomeado assim), que tem sua ligação.

Coari
Aldeia de Tauámirim

A primeira coisa que Paul Marcoy observou ao entrar no lago de Coari foi um pequeno povoado de 6 casas cobertas de palha no topo de uma elevação ou morro. Marcoy descobriu que o lugar se chamava Tauá-mirim, que segundo o conde Stradelli, significa “aldeia pequena” ou “aldeiazinha”.

Ele observou que no pé da elevação, 12 casas menores reuniam-se numa inusitada desordem; mas elas, ao invés de serem construídas em terra firme como as outras 6 anteriores, apoiam-se sobre jangadas ou balsas[5].

Essa singularidade mereceu uma explicação:

Nas grandes enchentes do Amazonas a água, depois de cobrir as praias, extravasa para o lago cobrindo a colina que serve de suporte ao povoado de Tauá-mirim e deixando-o totalmente inundado. Surpreendidos pela água, os moradores correriam o risco de se afogar em seus próprios lares se as casas flutuantes não estivessem à mão para servir de refúgio. Com a ajuda dessas arcas da salvação eles deixam o povoado submerso e vão ancorar numa enseada próxima onde ficam até que o recuo das águas lhes permite voltar às suas casas.

Quando Marcoy passou por Tauá-Mirim as águas estavam baixas e todo o promontório (monte, terra elevada) era visível com seus depósitos de argila de cor azulada e da cor ocre vermelho. A solidão e o silêncio reinavam; os únicos seres vivos à vista eram alguns pombos empoleirados num dos telhados limpando as penas ao sol. Esse povoado da margem esquerda de quem adentra o lago é somente um posto avançado sem interesse. O lugar principal é apontado nos mapas brasileiros como a Freguesia de Alvelos, fica quatro léguas adiante na mesma margem.

Em 1847, Coari tinha sua sede na freguesia Alvelos. Era uma vida difícil, as plantações eram constantemente atacadas por saúvas; muitas ventanias assolavam as casas devido a travessia (encontro do lago de Coari com o Rio Coari Grande); havia alguns ataques e furtos de animais pelos indígenas Muras. Era preciso mudar o local da sede urgentemente.

Marcoy observou que apesar de, no primeiro momento, Alvelos ter um aspecto um pouco sombrio, há um contraste com as lindas praias de areias brancas e as águas negras do lago de Coari com sua fauna.

A população era muito alegre e religiosa. A casa maior na gravura é a igreja sobre a invocação de Nossa Senhora da Conceição de Alvelos. Havia também um centro social onde acontecia festas dançantes que duravam até o amanhecer o dia envolvido de muita música e bebidas.

O desenho foi feito a bico de pena por Paul Marcoy em sua passagem pela América do Sul em 1847. Mais tarde, o artista plástico francês Édouard Riou[6] pintou um quadro baseado no desenho original.

Coari
A Freguesia de Alvellos em 1847

Em 1848 a freguesia de Alvelos deixa de fazer parte do território do município da Vila de Ega. Mas essa separação não lhe trouxe nenhum benefício ou alterou de alguma forma o modo de viver, uma vez que, a sua localização ainda era o seu principal empecilho para o desenvolvimento. Coari entra para o mapa do Brasil, mas não tinha autonomia administrativa e judiciária.

Em 1850, Henry Walter Bates em seu famoso livro “Um Naturalista no Rio Amazonas” que influenciou e foi muito elogiado por Charles Darwin, ao passar por Coari, descreveu:

— No dia 18 de (abril de 1850) passamos pela Boca do Mamiá, rio de águas pretas, e 19 chegamos na entrada do lago de Quarí.

— A boca do Quarí, o canal que une o lago ao Solimões, tem apenas 270 metros de largura, e de correnteza muito fraca. Tem meia milha de comprimento, e abre-se numa larga superfície de água sem imponente magnitude, pois é apenas parte do lago que forma um cotovelo agudo em sua parte inferior de modo que não pode ser todo visto de uma vez. Há uma pequena aldeia nas praias da parte inferior, a doze horas de viagem por bote da foz. Fundeamos dentro da boca e visitamos em montaria dois ou três moradores, cujas casas são construídas em situação pitoresca nas praias do lago inferior, não muito para dentro.

— Vários pequenos igarapés navegáveis desaguam aí no pé um terreno apropriando para construção de moradias entre dois riachos, atravessando extensas plantações de café, feitas a esmo entre as árvores da mata. Um dos moradores era certo judeu de Gibraltar, aí estabelecido há muitos anos, e completamente adaptado com os modos de vida dos habitantes semi civilizados. Encontramo-lo de pés no chão, calças arregaçadas até acima do joelho, muito ocupado com certo número de indígenas – homens, mulheres e crianças – a descascar e secar cacau, que cresce espontâneo e em imensa abundância nos arredores.

Parecia pessoa dinâmica e sensível; era grande admirador da terra, do clima, do povo, e não tinha desejo de voltar para a Europa. Foi o único judeu que encontrei no Alto Amazonas; há vários estabelecidos em Santarém, Cametá e Pará, onde, como são muito mais honestos em suas transações do que os portugueses, fazem muito comércio e vivem em termos amigáveis com os brasileiros.

— Nosso objetivo aqui era comprar mantimentos de farinha fresca e qualquer coisa mais que pudéssemos encontrar provisões, pois nossa farinha já estava mofada, e imprópria para comer e já estávamos em pequenas rações há alguns dias. Conseguimos tudo que necessitamos, excerto açúcar. Não se encontrou nenhuma libra deste artigo de luxo, e fomos obrigados d’ai por diante adoçar o café com melado, como é costume generalizado nessa região.

— Deixamos Quarí antes do nascer do sol do dia vinte[7].

Um fato notório nesse relato foi a denominação de Quarí que o cronista viajante perfez, uma vez que, é a maneira como o nativo coariense nomeia adequadamente o local onde mora.

A imigração dos judeus para a Amazônia foi menosprezada por parte da historiografia, com exceção de trabalhos dos viajantes cronistas que registraram essa imigração sem uma preocupação historiográfica mais consistente. A imigração judaica aparece associada à economia da borracha, à liberdade de culto e as expectativas que foram criadas com relação à região. Tudo começou quando houve o exílio marroquino, quando os judeus espanhóis foram expulsos da península ibérica, até a sua chegada na Amazônia, considerada a Canaã da Borracha. Aqui em 1850, na entrada do lago de Coari foi observado e registrado um caso de imigração judaica na Amazônia.

No ano 1850 houve fato histórico que trouxe a autonomia político-administrativa para o Amazonas. Após ter lutado ao lado do Império na Cabanagem, o Amazonas recebeu como uma espécie de recompensa, a sua autonomia. A   Província do Amazonas foi uma província do Império do Brasil, sendo criada a partir do desmembramento da Província de Grão-Pará, confirmada segundo a Lei nº 582, de 5 de setembro de 1852.

No ano 1853, Anacleto Eliziario da Silva narra no diário da primeira viagem do vapor “Marajó” de Belém à Nauta pelo rio Amazonas, sua passagem por Coari:

— Às 13 horas e meia da tarde do dia 24 de outubro de 1853 demos fundo na boca do lago de Coary. A povoação de Alvelos fica distante 5 léguas deste lugar, e consta-me que tem 32 casas, sendo pela maior parte pequenas casas cobertas de palha. Em todo o município consta haver 150 casas e 800 almas.

— Os gêneros que exporta são: três mil alqueires de castanha; setecentas arrobas do cacau, quarenta canadas do óleo de copaíba, duas a três mil arrobas do peixe seco, quinhentos potes do mantei­ga de tartaruga ou peixe boi, quarenta arrobas de salsa, e trezentas arrobas de café.

— Na boca do lago de Coary há 7 casas muito bem distribuídas e 38 habitantes, sem contar com os índios muras, que vivem alguns nas imediações. Tornando-se mais notáveis duas casas grandes, uma de um ex-tenente chamado Simões Sourem, homem de bastante idade, e a outra pertencente a um negociante David Abdarham, de nação Israelita.

— Encontrámos lenhas (cerca de quatro mil achas); e estando boas, compramos do senhor Antônio José Pereira Guimarães, logo que amanheceu começou-se o embarque da lenha, com embarcações e gente de terra.

— Tivemos a informação de que há muito os habitantes de Alvelos planejavam mudar a povoação para a boca do lago de Coary. Em Alvelos não há desenvolvimento, pois, a povoação é insignificante, e que o local importante será sempre a boca do lago Coary. Além disto a boca do Coary é muito bom lugar para fundação de uma grande povoação, sendo muito fértil, com belos terrenos elevados, onde a cheia, por maior que seja, nunca chegará, e muito abundante de peixe.

— Há quatro malocas de índios muras, sendo uma no lago Acará, outra no lago Codajás, outra no lago Puirimis, e outra no lago Mamiá; é gente de maus costumes e indolente. Toda a costa de Coary, e dentro do lago que se forma na sua boca há muita abundância de barro vermelho e branco. Novamente repetimos que é muito vantajosa a mudança da freguesia de Alvelos para a boca do Coary, sendo esta a vontade da maior parte dos habitantes.

— Na boca de Coary oferece um lindo local, muito abundante de peixe (mais que na freguesia), e próprio para uma grande povoação: já tem muitas casas, e dizem todos ser muito fácil a mudança. Da boca do Coary à freguesia do Alvelos há 9 léguas, e é muito cheia de baixas; seis meses não é possível os vapores subirem.

— Saímos do Coary às 1 horas e 30 minutos da tarde do dia 25, depois de fazer entrega da mala e o ofício da presidência ao Sr. tenente Simões, pai do inspetor do quarteirão, única autoridade do lugar, e que se achava ausente.

Em 1854, João Wilkens de Mattos trouxe novas informações sobre a freguesia de Alvelos em seu Roteiro de Viagem:

— Já não havia mais índios bravos. Atualmente não habita horda alguma gentílica nos rios Coary, Urucu e Aruan, segundo informações de pessoas acostumadas a navegá-los para colherem castanhas de que muito abundam as suas margens. A freguesia de Alvelos incluía em seus domínios dozes casas de palha, e uma população de 1.100 habitantes, dos quais, mais de dois terços habitavam em sítios longe da sede.

— Além da mandioca, plantão algodão, milho, tabaco, pescam pirarucu, e peixe boi, manipulam manteiga de ovos de tartaruga, extraem salsa, óleo de copaíba, colhem cacau silvestre, e algum cravo.

— A posição em que está este Povoado não oferece proporções para o seu desenvolvimento; é açoitada de ventanias fortes, o solo é árido e a distância em que está da foz do rio dificulta o acesso, principalmente no tempo da seca, por haver uma cachoeira (queda d’água) na parte mais estreita da baia, que só permite passagem a montarias.

— Desejosos os habitantes de criar outro povoado junto da foz do rio, onde oferece outras proporções a sua prosperidade que não a atual situação. Em virtude de representação dos próprios moradores, foi a Presidência da Província autorizado por uma Lei Provincial promulgada de 30 de setembro de 1854 a transferir a Matriz da Freguesia para o lugar que for designado pela mesma Presidência, junto a foz do rio Coary, justamente aquele que se assenta hoje a cidade.

— Tendo a chuva continuado até a manhã do dia seguinte, ficamos privados de saltar, e visitar esta povoação; mas pelo que vimos de bordo, fizemos ideia do seu estado.

No anoitecer do dia 17 de julho de 1859, Robert Avé-Lallemant no seu livro “No Rio Amazonas” faz uma descrição do lago de Coari:

— O lago de Coari semelhava um espelho diante de nós. O sol inclinava-se cada vez mais para a margem oeste do lago. Toda a região flutuava num mar de cores e emanações da floresta. Números golfinhos (Botos) brincavam na superfície da água. Os lombos prateados vinham à tona, fazendo pequenos remoinhos cintilantes. Nas margens, bando de urubus gozavam a sesta nas árvores. Mas, depois do sol se pôr, tudo mergulhou em verdadeiro sono. A luz zodiacal flamejava no horizonte longínquo, muito alta no céu, rivalizando com o suave brilho da Via-Láctea, sob a bela constelação do Escorpião. A Estrela Polar luzia no céu ao norte, na sua marcha lenta, rodeada pelos Setentriões.

— Mas todas se retraíram, perdendo o brilho na amplidão do céu, quando a lua nasceu, e com os seus claros raios despertou os milhares de vozes de animais para o mais singular dos concertos, de sorte que ficamos acordados quase toda a noite.

Nesse momento, Coari estava com a sua sede em mudança de Alvelos, dentro do lago de Coari e próximo a foz do Rio Coari Grande para a desembocadura do lago de Coari.

Gonçalves dias Coari
Gonçalves Dias

Antônio Gonçalves Dias estava na Europa no ano de 1858, quando foi nomeado, pelo governo imperial para chefiar a seção etnográfica da Comissão encarregada de estudar as riquezas naturais do norte do Brasil. Em fevereiro de 1861, o prestigiado poeta chegou a Manaus, capital da Província do Amazonas, sendo logo nomeado pelo presidente da Província, visitador das escolas públicas do Rio Solimões e suas freguesias. Na viagem, o poeta e etnógrafo maranhense alcançou o Peru, e na volta entregou ao governo um relatório de sua viagem, descrevendo a situação das escolas visitadas, dos alunos e das famílias. Sobre Coary ele narrou:

— A primeira escola que me caberia visitar subindo o Solimões, seria a do Coary. Esta freguesia tem a sua sede dentro do lago do mesmo nome, e distante do lugar a que aporta o vapor umas seis horas de viagem em montaria. Uma lei provincial determinou a mudança da freguesia para o lugar da estação do vapor, mas parece que a medida tem encontrado pequenos interesses, de forma que ainda não foi realizada no todo.

* O vigário mudou-se com os sinos da igreja, que se desmantelou, trouxe os seus poucos paramentos, engenhou uma capela na nova localidade, e veio acompanhado de alguns de seus fregueses, que ou não tinham interesses enraizados na antiga povoação, ou compreenderam melhor as vantagens da mudança projetada e só em parte realizada. No entanto o professor e alguns outros moradores permanecem no antigo local.

— Não me seria possível tentar urna viagem à povoação de dentro; porque o vapor não me daria tempo para isso. Era também inútil porque a escola não funcionava; mas felizmente o professor veio a bordo, onde tive ocasião de o ver e de conversar com ele.

— Disse-me que a escola do Coary não funcionava desde o começo do ano, o que era devido no seu entender, em parte à notícia de sua aposentadoria, em parte a mudança da freguesia: de que resulta que de fato ali não há escola primaria. Dá-se além disso uma circunstância digna de atenção. O professor me informou que a sua escola teve no último ano letivo somente dez alunos, em quanto a lei provincial fixa o número de doze, como o mínimo para que a escola mereça sua subvencionada pelos cofres da província.

Com a mudança da matriz da freguesia, o lugar Alvellos desapareceu por completo, tendo desabado a sua última casa em 1899. Passou a ser conhecida também pelo nome de Freguesia Velha.

A lei n° 132, de 29 de junho de 1865, que marcou os limites das freguesias da antiga província, determinou que os limites da freguesia de Coary seguissem a foz do lago Miuá, princípio da comarca do Solimões, até a ponta das barreiras de Camaraguary, onde entrava a freguesia de Teffé.

Em 1873, em um censo procedido, apresentava um total de 2.078 habitantes livres e cinco escravos, sendo 1.006 homens e 1.072 mulheres, 2.023 brasileiros e 55 estrangeiros.

No livro “Pará e Amazonas: pelo encarregado dos trabalhos etnográficos” do Cônego Francisco Bernardino de Souza há uma descrição sobre Coari do ano de 1874:

— Ainda não é bem conhecida a nascente do Rio Coary. Desagua no lago do mesmo nome, que tem uma distância de 132 milhas da foz do Purús. Tem o lago 12 milhas de comprimento e 5 de largura. A antiga freguesia de Alvelos, criada em 1738, esteve assentada no extremo sul, na confluência dos três rios Coary, Urucú-parauá e Ourané. O Rio Coary é o maior e fica do lado leste. Conhecem-no somente as pessoas que se empregam na colheita e extração de drogas do sertão. Tem-se chegado a caminhar por ele 33 a 40 dias.

No inverno, de março a julho, navegam grandes canoas de 8 a 10 palmos de calado. No verão, como o abaixamento é mui considerável, só passam igarités na parte superior. O seu curso não é longo; segundo o testemunho dos práticos, pode ser estimado em 83 a 90 léguas.

— Alguns índios, diz o Exmo. Sr. Dr. Adolpho de Barros, tem passado do Rio Purus para o Rio Coary, e dão notícia de existirem campos de grande extensão nas cabeceiras deste rio, os quais vão confinar na margem esquerda.

— O Rio Coary não tem cachoeiras; as suas águas são pretas, bem como as dos outros dois rios, que com ele correm para o lago. Há um só canal que comunica o lago com o Solimões; fica do lado oriental e tem 2 milhas de extensão. Só nas vazantes extraordinárias é que não permite a passagem de navios que calem de 8 a 10 palmos.

— Diz Baena que acima da foz do lago de Coary acham-se as ilhas Jurupari e Juçaras, onde constantemente fazem as tartarugas o seu desovamento.

— A vila de Coary (antiga freguesia de Alvelos) fica à margem oriental da baia do Coary, quatro léguas acima, foi sua primeira situação no rio Paratary, oito léguas acima da foz, donde trasladou-se para o desaguadouro do lago Anamã, e dali para a ilha Guajaratiba, aonde depois passou-se para a atual situação. Em 1759 foi elevada à categoria de lugar com a denominação de Alvelos; em 1833 foi qualificada simples freguesia, com a primitiva denominação de Alvelos, e por lei provincial do 1º de Maio de 1874 acaba de ser elevada à categoria de vila, com o nome de Coary.

— Segundo o último recenseamento, é de 2.078 almas a população do seu termo. O rio Coary que forma a baia em que está assentada a vila, é um afluente do Solimões, no qual se lança, à margem direita, por duas bocas, entre os rios Purus e Tefé, ou mais perto, entre o rio Mamiá e o riacho Uariaú.

O grande marco da história de Coari no século XIX foi a elevação de Freguesia à categoria de Vila de Coari com a definição da área do município.

Segundo o Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro de 1921, seus primeiros habitantes foram os irmãos Thomaz e Antônio José Pereira Guimarães, ou seja, mesmo antes da transferência da matriz da freguesia para a próximo a foz do lago de Coari, os irmãos Guimarães já eram os seus primeiros habitantes.

A partir de 1854, a população, extraoficialmente, começou a chamar a Alvelos de “freguesia velha” e a sua nova matriz voltou a ser chamada outra vez de “Freguesia de Coari”, seu nome com origem indígena.

No dia 01 de maio de 1874, Coari sofre uma significativa transformação na sua estrutura político-administrativa e institucional, uma vez que, pela Lei Provincial nº 287 a freguesia foi elevada à vila de Coari e pelo mesmo ato foi criado o município de Coari, que havia sido desmembrando de Tefé em 1848.

Pouco se encontra referência sobre a Escravidão em Coari, a ênfase foi a extinção antecipada em Coari e em todo amazonas. Em 17 de junho de 1884, segundo o Jornal Carioca “Gazeta da Tarde”, Coari (Província do Amazonas) foi declarada livre de escravos conforme foi declarado pelos os movimentos abolicionistas:

— Os senhores de escravos, que deviam ser os interessados em reagir contra o movimento emancipador, nenhuma resistência opuseram e antes concorreram para acelerar a resolução dessa importante questão. Eles concordaram em receber as indenizações oferecida pela Lei Áurea e seu Regulamento e até esta data nenhum protesto apareceu que denotasse o menor descontentamento.

No final do século XIX, no livro “As Regiões Amazônicas: estudos corográficos dos estados do Grão-Pará e Amazonas” dos autores José Coelho da Gama e Abreu Marajó há uma descrição de Coari, no ano de 1896:

— Coary é um dos rios considerado mais abundantes do Alto Amazonas, sua foz é situada a 4°,3′ latitude Sul e na longitude 314º, 18′; corre de S. ao Norte; além da foz, cuja posição indiquei, tem uma outra um pouco mais acima e de menor largura. Logo nas proximidades da boca é bastante largo, pois lhe dão perto de duas léguas; estreita, porém rapidamente é navegável em canoas por mais de um mês; é n’este rio em uma planura elevada da sua margem direita, quatro léguas acima da foz, que está situado o povoado de Alvelos; junto a este lugar o rio forma uma bela baia na qual desaguam três rios.

D’estes, o mais oriental é a continuação do Coary, o segundo é o Urucuparaná, e o terceiro é o Urauá ou Arauá ou Cuamé, pois pelos três nomes é conhecido; suas terras abundam em salsa, óleo de copaíba, nas suas águas se encontra considerável quantidade de peixes, e suas praias das mais abundantes em tartarugas.

— Outrora foi habitado pelos índios Catauixis e Jumas, hoje, porém os índios que mais abundam são os Muras e os Miranhas; muitos dos últimos se empregam em serviços diversos.

— A sua extensão ainda não é bem conhecida, nem as suas nascentes; tem alguns regatões caminhado em canoas por 40 dias e calculam a extensão percorrida, até àquele ponto ao qual podem chegar igarités (canoas), em cerca de noventa léguas.

— Até o ponto a que tem chegado, é livre de cachoeiras, e dizem os índios que em suas cabeceiras há belas campinas na margem direita; parece provável que estas campinas sejam aquelas que os exploradores do Purus noticiam existir muito no interior a 63 léguas, mais ou menos da foz.

— Rio Mamiá – Tem um curso extenso, ainda que menor do que os do precedente e do Tefé; corre quase paralelo à parte inferior do Purus, formando a alguma distância da boca uma grande bacia; abunda em cacau, salsa e copaíba. Não mui distantes da boca se encontram algumas ilhas relevantes onde habitaram outrora os índios Jurimáguas que muito boa acolhida fizeram a Pedro Teixeira na sua volta de Quito ao Pará. A foz d’este rio é na enseada do Paricatuba entre os rios Coary e Camará.

Através da lei Nº 729 de 15 de maio de 1886, o presidente da província do Amazonas, o juiz de direito Ernesto Adolpho de Vasconcelos Chaves, autorizou a liberação da quantia 20.000$ para o começo da edificação de uma igreja matriz de alvenaria na villa de Coary.

O decreto Nº 95-A, de 10 de abril de 1891, na administração do governador Eduardo Gonçalves Ribeiro, criou a Comarca de Coary, com o termo anexo de Codajás, conservando os limites anteriores. O termo instalou-se a 15 de novembro de 1800, e a instalação da comarca data de 30 de junho de 1891.

Três personalidades na segunda metade do século XIX merecem serem destacadas.

Silvério Nery Coari

Silvério José Nery

O primeiro Silvério Nery, que nasceu em Alvelos, no dia 08 de outubro de 1858. Foi agrimensor, engenheiro, militar, jornalista e político brasileiro (Governador do Amazonas de 1900 a 1904; e senador pelo Amazonas de 1904 a 1930; além de deputado provincial, estadual e federal).

Professor Góes Coari

Professor Góes

A segunda personalidade de destaque foi o Professor Góes, Benedicto Edelberto de Góes, vindo do Maranhão primeiro para morar em Maués como promotor de justiça. Mudou-se para a Vila de Coary, local onde foi Juiz de Direito substituto por várias vezes, professor, alferes da guarda nacional, médico homeopata e vereador. Na época não havia salário ou remuneração para os vereadores que eram chamados de Conselheiros Municipais.

Jornal Semanal O Coaryense
Jornal Semanal: O Coaryense

A terceira personalidade de destaque do século XIX na vila de Coary foi o senhor João Joaquim Mendes da Rocha, proprietário e editor do Jornal “O Coaryense” com edições no ano de 1895. Nesse jornal semanal, o senhor João Rocha informava a população sobre os acontecimentos e fatos sociais que marcaram a última década do século XIX.

Finamente, podemos observar que formação do povo coariense, no primeiro momento, aconteceu da união das mulheres remanescentes das tribos indígenas que foram descidas para Coari com os brancos, os colonizadores portugueses e espanhóis. No segundo momento, a miscigenação aconteceu com a chegada dos soldados da guarda nacional (primeiros policiais) com as remanescentes mulheres indígenas. As mulheres brancas só chegaram no final do século XIX com o primeiro ciclo da borracha e a vinda dos nordestinos, conhecidos popularmente na Amazônia como “arigós”. Em Coari a presenças de pessoas negras ou povo preto (terminologia mais adequada) foi em quantidade inexpressível, uma vez que nos vários recenseamentos, a média de pessoas “negras” escravizadas era de 05 em todo o município de Coary.

Referências bibliográficas

Agassiz, Luiz, e Elizabeth Cary Agassiz. Viagem ao Brasil, 1865-1866. Tradução: Edgar Mendonça. Vol. 95. São Paulo: Companhia Editora Nacional – Brasiliana, 1938.Avé-Lallemant, Robert. (1980). No Rio Amazonas (1859). Belo Horizonte: Editora Itatiaia Limitada.

Baena, Antônio Ladislau Monteiro. Ensaio corográfico sobre a província do Pará. Brasília : Edições do Senado Federal, 2004. p. 432 p. Vol. 30.

Bates, Henry Walter. Um Naturalista no Rio Amazonas Henry Walter Bates – 1944 – . Brasiliana V.237a 2V, 1944.Casal, M., & Caminha, P. (1817). Corografia brasílica: Fac-simile da edição de 1817. (Vol. Volume 1). Imprensa Nacional.

DIAS, Gonçalves. Relatório: Visita às escolas públicas de primeiras letras das freguesias do Solimões. Anexo da Fala Dirigida à Assembleia Legislativa Provincial do Amazonas. Manaus: Tipografia Silva Ramos, 1861.

FERRAZ, F. J. da Silva. Através do Amazonas: Manaus ao Javari. . Manaus: Tipografia do [jornal] Amazonas. (Acervo Biblioteca Pública), 1908.

Freire, José Ribamar Bessa; Malheiros, Márcia Fernanda. Os índios Catequizados e as Aldeias de Repartição. http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/0039_10.html acessado em 16 de junho de 2020 às 13h28.

Jobim, Anísio. Panorama Amazônico – Coari. Manaus: Imprensa Pública, 1933.

Marajó, José Coelho da Gama e Abreu. As regiões amazônicas: estudos chorographicos dos estados do Gram Pará e Amazonas. Lisboa : Imprensa de Libanio da Silva, 1896.

Marcoy, Paul. Viagens pelo rio Amazonas. Manaus : EDUA, 2006.

MATTOS, João Wilkens de Wilkens (barão de Maruiá). Roteiro da primeira viagem do vapor Monarcha desde a cidade da Barra do Rio Negro, Capital da Provincia do Amazonas, até a Povoação de Nauta, na República do Peru, feito por João Wilkens de Mattos, Secretário do Governo da mesma província, e por ella Deputado à Assembleia Geral Legislativa, 1854. Rio Negro: Typ. de M.S. Ramos, rua da Palma, 1855.

Maw, Henrique Lister. Narrativa da passagem do Pacífico ao Atlântico através dos Andes nas províncias do norte do Peru descendo pelo rio Amazonas até o Pará. Manaus: Editora ACA, 1989.

Silva, Anacleto Eliziario da. Roteiro da primeira viagem do vapor Monarcha e uma carta do Rio Solimões, e parte do Rio Negro, desde a cidade da Barra do Rio Negro, capital da Província do Amazonas, até a povoação de Nauta, na República do Peru. 1853.

Souza, Francisco Bernadino. (1874). Pará e Amazonas: pelo encarregado dos trabalhos ethnographicos conego Francisco Bernardino de Souza. Rio de Janeiro: Typographia nacional.

Spix, J.B. e Martius, C.F.P.V. Viagem pelo Brasil. 3a. Rio de Janeiro, 1938.

[1] Os descimentos eram expedições, em princípio não militares, realizadas por missionários, com o objetivo de convencer os índios que “descessem” de suas aldeias de origem para viverem em novos aldeamentos especialmente criados para esse fim, pelos portugueses, nas proximidades dos núcleos coloniais – Bessa Freire.

[2] Dom Pedro II havia herdado o Brasil após seu pai Dom Pedro I abdicar o trono. Contudo Dom Pedro II era menor, e o país foi administrado por um Regente Imperial.

[3] Freguesia é o nome que tem, em Portugal e no antigo Império Português, a uma divisão administrativa correspondente à paróquia civil de outros países. No Brasil, durante o tempo da colônia, a freguesia era exatamente o mesmo que em Portugal, não havendo distinção entre freguesia e paróquia.

[4] Cabanagem (também conhecida como Guerra dos Cabanos) foi uma revolta popular e social ocorrida durante o Império do Brasil de 1835 a 1840, influenciada pela revolução Francesa, na antiga Província do Grão-Pará.

[5] Foi a primeira descrição sobre casas flutuantes feita no Amazonas, que mais tarde virou característica do povo ribeirinho, tendo o seu auge em Manaus, entre 1920 a 1967, com um bairro exótico constituído de casas flutuantes, denominado “Cidade Flutuante”.

[6] Artista plástico francês colaborador e ilustrador de 6 obras de Júlio Verne. A saber: Cinco semanas em um balão; O capitão Hatteras; Viagem ao centro da Terra; Os filhos do capitão Grant; 20 mil léguas submarinas; O Chancellor.

[7] Viagem originalmente redigida em inglês numa viagem com destino a vila de Ega num vapor com 4 pessoas: 2 passageiros e 2 tripulantes.

Leia mais em:

Gregório José Maria Bene e a Mudança da Freguesia de Alvellos – 1855

A História do Miss Coari (1940 – 1967)

Minhas Memórias da Festa da Banana – 1989 a 1991

Projetos desenvolvidos em Coari resgatam a cultura popular

Está gostando ? Então compartilha:

2 comentários em “Coari no Século XIX: um ensaio sobre a formação do povo coariense”

  1. Muito interessante a linha histórica. Aos poucos fui identificando os nomes dos lugares e rios que foram mudando, perdendo sílabas.
    A impressão que os historiadores descreviam me pareceu que tudo (lugares) parece muito perto entre si. Por exemplo, Piurinim, Rio Coari Grande com Rio Purus e o Mamiá.
    Interessante seria uma pesquisa das atuais famílias que remontam geneologicamente as personagens que por lá estiveram.
    Parabéns, Archipo. Vc é fantástico!

  2. Excelente ensinamento, eu como Coariense, sinto-me honrado mais ainda, com essa história dos nossos ancestrais e que já tinham personalidades forte nesses tempos remotos, como por exemplo, a vontade popular de mudança da sede da “antiga freguesia” para o atual local, onde situa-se o nosso município.

    Fiquei também linsonjeado por saber que Coari teve um governador no estado chamado José Silvério Nery, nascido na Freguesia dos Alvéolos. Parabéns à reportagem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Feira
Literatura
Archipo Góes

A Feira

Texto de memórias de Manuella Dantas sobre suas lembranças de infâncias acerca da feira do produtor rural de Coari.

Leia mais »
Deolindo Dantas
História
Archipo Góes

Deolindo Dantas – 1895

Archipo Góes Passamos agora a descrever a biografia de um importante líder político e comercial coariense. Foi o principal opositor político de Alexandre Montoril e

Leia mais »
Crônica
Literatura
Archipo Góes

Crônicas de Coari – Vol. 01

Nesta página, podemos ter acesso ao Flipbook Crônicas de Coari, que disserta sobre a cotidiano da cidade de Coari e sua história.

Leia mais »
Maria Higina
História
Archipo Góes

A Saga de Maria Higina em Terras Coarienses

A senhora Maria Hígina, uma mulher que estava a frente do seu tempo e viveu em Coari entre as décadas de 1960 e 1970. Foi prefeita do Trocaris, poetisa, cronista do Jornal do Comércio e seringalista.

Leia mais »
Rolar para cima
Coari

Direiros Autorais

O conteúdo do site Cultura Coariense é aberto e pode ser reproduzido, desde que o autor “ex: Archipo Góes” seja citado.